O grande buraco que ferve, onde o Mato é Grosso, Brazil

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

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"Se alguém fizesse um acordo em que te contaria toda a verdade sobre a vida, o universo e tudo o mais, porém te mataria depois, você toparia?"

Madrugada, Subway Fernando Correia.

O João acabou de tuitar isso e eu lembrei que estava pensando sobre esse dia/essa pergunta muito frequentemente.
Acho que se não houvesse a parte de morrer, eu preferiria não saber. Vendo uns vídeos e pensando em várias coisas eu meio que percebi que as perguntas realmente são mais importantes que as respostas. Tipo, se um dia descobrissem TUDO... E aí? ... Um infinito de reticências. As vezes eu acho que a gente só está aqui por causa de todas as respostas que a gente não sabe. O que os cientistas fariam? Eu adoro me perguntar sobre as coisas e tentar pensar em um milhão de respostas. É gostoso. É REALMENTE MUITO GOSTOSO, AAAAAHHHH QUE DELÍCIA, QUE DELÍCIAAAAAA!!!!!!!!!!! (entendedores entenderão)


Enfim, isso me fez lembrar da entrevista que fizeram com um dos diretores da Escola da Ponte (José Pacheco, hoje em dia ele não é mais diretor de lá) e eu adorei ele contando sobre o dia em que uma garotinha perguntou pra ele sobre os seres vivos:
- É verdade que um ser vivo é tudo aquilo que nasce, cresce, se reproduz e morre?
Então ele disse que quase abraçou ela falando "oras, mas nem te ensinei isso ainda e você já aprendeu!", mas ele não o fez, porque na hora lembrou de Piaget, aprender e desaprender e resolveu questioná-la) Mas por que está a me perguntar sobre isso? Que que você acha?
- Eu não acho isso não!
Ele se espanta e fala que passou a vida inteira colocando no quadro que ser vivo era isso, isso e isso. Ele pergunta por que ela acha isso.
- Olha só, professor, eu tenho esse relógio, né? Nesse relógio tem a bateria que faz andar o relógio e nessa bateria tem uma pedrinha, um cristal de quartzo... É que nós estamos estudando os cristais.
- Certo, mas onde você quer chegar com isso?
- No livro diz que as pedras são seres não vivos, mas repare, o cristal de quartzo nasceu e existe. Nós fomos ao museu de mineralogia e lá eu vi um cristal bem grande, que cresceu e tinham outros cristais na ponta, os filhinhos! O cristal nasceu, cresceu, se reproduziu. E agora repare, quando o relógio parar, quer dizer que o cristal morreu! Então ele nasceu, cresceu, reproduziu-se e morreu! Ele é um ser vivo! E se o ser vivo é um ser que nasce, cresce, se reproduz e morre então eu e você não somos.
(nesse momento ele já tá louco, com nó no cérebro)
- Ué, por que não?
- Por exemplo eu, ainda não me reproduzi e não morri. Então eu sou meio ser vivo?

(Eis que o diálogo foi mais ou menos assim)

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Fala sério, isso não é LINDO? Talvez não tenha muita conexão com o começo do que comecei a escrever, mas acabei relacionando de alguma forma.

Se obtivéssemos todas as respostas o mundo deixaria de fazer perguntas como essa, por exemplo. Talvez seja absolutamente idiota eu achar isso bonito, mas pra mim faz um sentido tão grande que sei lá. Acho que pode ter a ver com alguma questão de liberdade. A liberdade de se questionar sobre as coisas. Não saber de tudo faz com que surjam suposições e diversas verdades. Acho que a possibilidade de obter diferentes respostas é o que eu mais gosto nas perguntas.


Aqui tá a entrevista: http://www.youtube.com/watch?v=y5TKyfSqj3E

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